( The Crucible, EUA, 1996 )
Direção de Nicholas Hytner, com Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Paul Scofield, Joan Allen, Bruce Davison, Jeffrey Jones
"Como posso viver sem meu nome? Já lhes dei minha alma, me deixem meu nome!"
Dias atrás, assistindo a "Cine Majestic", o drama açucarado com o qual o Jim Carey queria emplacar o Oscar perdido em "O Show de Truman", acabei lembrando do filme que melhor retratou a caça às bruxas do Macartismo no meio cinematográfico americano nos anos 50. Não é tão recente e tampouco é o bom "Boa Noite e Boa Sorte". Na verdade, o texto é daquela época, e sequer precisa fazer menção aberta aos fatos protagonizados pelo senador Joseph MacCarthy. Poucos filmes tocaram na ferida de forma tão forte quando "As Bruxas de Salem" . E poucas histórias conseguem provocar tamanho sentimento de indignação quanto esta história real transformada em peça de teatro pelo dramaturgo Arthur Miller nos anos 50. Talvez, na gênese do texto, ninguém melhor que o próprio Miller para explicar as circunstâncias que cercam o processo:
"Lembro daqueles anos - eles formaram o esqueleto de "The Crucible" - mas perdi a dimensão do medo que eu tinha então. Medo é um sentimento que não viaja bem ao longo do tempo: da mesma forma que ele pode influenciar um julgamento, sua ausência pode diminuir a veracidade da memória. O que aterroriza uma geração geralmente coloca apenas um sorriso de interesse na próxima.The Crucible foi um ato de desespero. Muito do meu desespero aflorou, imagino, pelo trauma da depressão, a memória vívida da ascensão fascista na europa e o brutal anti-semitismo que lá se instalou. Mas em 1950, quando comecei a pensar em escrever sobre a caça aos comunistas na América, fui motivado em grande parte pela paralisia que havia se instalado naqueles que, independente de seu desconforto com as violações dos direitos civis por parte dos "inquisidores", foram dominados pelo medo , e com bons motivos, de serem identificados como simpatizantes do comunismo se protestassem com mais força." ( Arthur Miller, "Why I Wrote the Crucible", 1997 )
A história que Miller usou como base para condenar a insensatez nas acusações de simpatia ao comunismo que varriam os Estados Unidos aconteceu em Salem, povoado de Massachussets, próximo a Boston, no final do século XVII, mais precisamente em 1692. Os documentos do caso, que hoje encontram-se no Peabody Essex Museum contam como o vilarejo foi tomado por uma onda de intolerância e fanatismo religioso que vitimou mais de 20 pessoas, depois que algumas jovens foram tomadas por um mal súbito que rapidamente se diagnosticou como bruxaria. Baseado apenas no depoimento de crianças, tidas como vítimas, diversas pessoas da comunidade foram acusadas de bruxaria pelos mais torpes motivos. Por trás das acusações, motivos diversos, como terras, vingança ou simplesmente antipatia. Na versão de Artur Miller para a história, uma febre de ódio liderada pela jovem Abigail Williams ( Winona Ryder ) visando livrar Salem de pessoas indesejadas, inclusive a esposa de John Proctor ( Daniel Day Lewis ), único empecilho para que Abigail fique com o fazendeiro, a quem ama.
Miller escreveu a peça quando começou a ser intimidado pelo Comitê de Atividades Anti-Americanas, fazendo um paralelo entre as acusações sofridas pela esquerda americana com os inocentes enforcados em Salem dois séculos e meio antes. Na história real, a histeria coletiva somente acabou quando magistrados estaduais começaram a se horrorizar com a onda de enforcamentos, e os dedos dos envolvidos começaram a apontar para figuras proeminentes da política local e estadual, como a esposa do governador de Massachusets. Semelhante paralelo foi feito em relação ao próprio McCarthy, cuja época de perseguição terminou quando ele ousou acusar membros do exército americano e foi ridicularizado. O próprio Artur Miller adaptou sua peça “The Crucible” ( em uma tradição bem literal, “O Caldeirão” ) após anos resistindo aos convites de Hollywood. A participação do seu genro, Daniel Day Lewis, no projeto, certamente ajudou, mas foi a seriedade com que o diretor Nicholas Hytner ( de “As Loucuras do Rei George” ) adaptou a história de fanatismo e caça às bruxas que convenceu Miller, um dramaturgo resistente ao extremo em ver suas peças contadas fora dos palcos. Hytner não faz concessões, e respeita o texto de Miller valorizado por um elenco de origem e inspiração teatrais.
Ao passo que Lewis está contido – apesar de tocar fundo ao implorar que respeitem seu nome após roubarem sua alma – e Winona, mesmo sem ser grande atriz, consegue revoltar, são Joan Allen, no papel da contida Elizabeth Proctor, e Paul Scofield, como o juiz Danforth, os donos do filme.
De forma sutil, Hytner conta uma história assustadoramente real - com todas as liberdades que o texto de Miller e adaptações para o cinema permitem - com brilhantismo – reparem o sutil movimento de câmera na conversa de John e Elizabeth em casa, durante o café da manhã – e faz o que todo bom filme deveria ser capaz de fazer: provoca reações. De indignação, de assombro ou simplesmente desconforto. Um pequeno tesouro escondido nas locadoras, uma opção inteligente no meio de muitas bobagens.
Indiscreto (1958)
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Indiscreto é uma comédia romântica marcada por reencontros e regressos.
Antes de mais pelo reencontro de Cary Grant com o realizador Stanley Donen,
com que...
Gostei bastante até desse filme, apesar de ser bastante critica com os filmes da Winona, por quem tenho grande antipatia.
Não gostei,
só me fez perder tempo;
e mi causar indignação;
principalmente com todos akeleles
burros e estúpidos
A julgar pelo fato de não ter sequer se identificado e a julgar pelo português brilhante e pela brilhante capacidade de explanação das suas razões, eu até entendo o porque de não ter gostado do filme....melhor é ir assistir a algum filme de Pee Wee mesmo.
Esse filme é muito bom ...Para vocês que acharam ruim vá e assiste prestando bastante atenção ao filme....
quando isso foi publicado aqui?
Eu to louca para ler mais não acho para baixar.Quem sabe aonde baixar?
to querendo muito ler esse livro.