( The Mist, EUA, 2007 )
Direção de Frank Darabont, com Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Laurie Holden, Andre Braugher, Toby Jones, William Sadler
OK. Frank Darabont arriscando uma fantasia de M. Night Shyamalan é cool. Muito cool. São, afinal, dois dos meus diretores prediletos – ainda que Darabont tenha escorregado no sentimentalismo em Cine Majestic. Talvez justamente por isso ele tenha optado voltar ao terreno seguro das adaptações de Stephen King, mas, convenhamos, segurança é a última coisa que ele vai conseguir com “O Nevoeiro”. Não são poucas as pessoas por aí sentindo que compraram gato por lebre. Assim como nos filmes do indiano, as aparências enganam. Há todo um aparato por trás da história sobrenatural que move “The Mist”, mas ela é apenas uma base para que King e Darabont discutam algo muito mais próximo daquelas pessoas, presas em um supermercado, rodeadas por uma neblina. O que está escondido na névoa é algo muito menos perigoso do que aquilo que cada um traz dentro de si.
“Adjetivos” como “filme-de-terror-que-não-assusta, pouco empolgante e clichê são comuns por aí. Ví em vários blogs espalhados pela rede. É esse o preço que se paga por seguir na esteira de Shyamalan, ainda um gênio em contar estórias pessoais disfarçadas em dramas coletivos. Em “O Nevoeiro” o aparato está em contar a história de um grupo de pessoas que fica ilhada em um supermercado, em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, quando uma misteriosa neblina surge do nada após uma tempestade e traz, com ela, estranhas criaturas. Não é preciso nem explicar que as tais criaturas são um risco à vida de todos. E até a metade do filme, associar o nome de Frank Darabont ao que parece ser uma história de George Romero e seus zumbis é uma idéia estranha. Mas entre ataques das criaturas, planos para sobreviver e o clichê “não podemos ficar aqui”, surge algo. É a luz no fim do túnel que começa a mostrar que tudo aquilo tem uma razão, que nada é o que parece. A luz no fim do túnel se chama Marcia Gay-Harden, e ela está fabulosa.
Competentíssima atriz que já passou pelas mãos dos irmãos Coen, Clint Eastwood, Sean Penn e um pequeno punhado de gente talentosa, Harden injeta vida em uma história aparentemente insossa, como uma fanática religiosa que usa a situação para pregar o apocalipse e angariar fiéis à sua causa. A maior prova da grande interpretação da atriz está no fato de que, desde as primeiras cenas, ela causar repulsa no público. Ninguém fica indiferente às cenas em que ela aparece. A reação que a platéia tem à sua participação é, também, uma das conseqüências de tudo o que Darabont e King estão falando: quão selvagem é o ser humano quando colocado em posição de risco? O cartaz do filme anuncia: “O Medo muda tudo.” E é a partir de Harden e do isolamento que essa máxima começa a ser explorada. Os monstros, a partir de então, tornam-se um mero instrumento, um background de luxo . Os 20 minutos finais de “O Nevoeiro” é a lembrança de que Darabont, antes de diretor, foi um roteirista, e a função o deixou com o dedo para escolher bons textos e boas estórias. Existem furos, existem pontas fracas, alguns personagens surgem pouco convincentes ou sequer reais e as relações entre muitos deles são superficiais, mas é apenas a ponta da corda com a qual o diretor envolve a história de King.
“O Nevoeiro” prega sobre fé, selvageria, socialização, dessocialização ( existe? ), fanatismo, religião, atitudes frente ao pavor e à falta de caminhos. Os monstros que cercam o supermercado são apenas uma parte do perigo. O final, para o qual muita gente torceu o nariz, é a mostra perfeita de que, se a fé em excesso nos deixa cegos, a falta dela pode ser traumática. As críticas às atitudes dos personagens no final só refletem que, nesse ponto, Darabont conseguiu provocar as reações que queria. Faltou só esse público entender essas reações e tudo o que aconteceu nas duas horas anteriores. Darabont não falou para as paredes, mas já sabe o que Shyamalan costuma sentir a cada novo filme. “O Nevoeiro” tem suas falhas, principalmente na primeira metade, mas dizer que ele é um “filme-de-terror-que-não-assusta” é o atestado de ter perdido duas horas de sua vida em vão e não saber nada sobre o homem atrás das câmeras.
Indiscreto (1958)
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Indiscreto é uma comédia romântica marcada por reencontros e regressos.
Antes de mais pelo reencontro de Cary Grant com o realizador Stanley Donen,
com que...
Ja tinha visto sobre ele na net, mas nao me animava a assistir, agora entrou na listinha.
Estou querendo ver esse filme desde que vi uma chamada sobre ele no Hollywood one on one da TNT. Gosto muito do Darabont (principalmente pelas adaptações que ele fez dos livros do Stephen King). Sabe dizer se saiu em DVD?
Saudações cinéfilas!