(A Dog Day Afternoon, EUA, 1975)
Direção de Sidney Lumet,com Al Pacino, John Cazale, Chris Sarandon, James Broderick, Charles Durning
Cada frame do filme de Sidney Lumet é preenchido por um sentimento de ansiedade. Quando, depois de trinta minutos de projeção, Sonny ( Al Pacino )caminha furioso pela rua em frente à porta do banco que está assaltando, e grita "Attica! Attica!" para uma população em delírio e um grupamento de policiais perplexos, "Um Dia de Cão" finalmente explode em intenções e interpretações. É um filme feito basicamente desses elementos: ansiedade, intenções, interpretações.
O Sonny interpretado por Pacino é um pobre coitado, no sentido literal da palavra. Talvez esteja aí um dos grandes segredos da empatia que o público sente pelo ladrão de banco que comanda a desorganizada e tragicômica tentativa de assalto, ao lado do comparsa Sal ( John Cazale, um senhor ator que morreu cedo demais devido ao câncer ). A natureza farsesca do assaltante é tão descarada que não é apenas o público que simpatiza com seu drama: seus reféns também se solidarizam com ele, a ponto de uma deles recusar-se a sair para ficar com as outras dentro do banco, cercado por um contingente policial que torna-se absurdamente desproporcional ao tamanho da ameaça representada por Sonny. Sal, por outro lado, é o mais assustador dos dois, apesar de nunca falar alto, arregalar os olhos ou vociferar palavrões contra a sociedade. É o próprio retrato do quão dúbias são as motivações humanas - Sal e Sonny exprimem essa dualidade chocante. E o tragicômico dos dois vilões está na própria inocência mascarada:
"Vamos sair do país Sal. Tem algum país que você gostaria de conhecer?"
"Wyoming?"
"Não Sal... Wyoming não vale."
Durante as horas do seqüestro frustrado, Lumet não perde a chance de disparar contra a imprensa marrom ( "Eles dizem o que querem. Como eu vou dizer a eles o que colocar na tv?") e se despe de qualquer artifício que pudesse tornar seu filme um show como os que ele próprio critica: abre mão da música e de ações calculadas para depositar em seus atores e no premiado roteiro a base do espetáculo. Acerta na mosca.
Lumett concentra essa representação de uma história real, ocorrida um 3 anos antes, em ansiedade ( da curiosidade da platéia pelo que vai acontecer à dupla, e dos próprios personagens, pelo que vai acontecer com eles ), em intenções ( o propagado motivo do assalto de Sonny é escancarado por muitas sinopses e estraga uma das surpresas motivadoras da reação do público, então prefiro não revelar a quem não viu, e a própria intenção de Sal, que nunca é revelada ) e Al Pacino: seu Sonny reúne as qualidades que fizeram do ítalo-americano o grande ator dos anos 70, um dos maiores do século. Pacino exprime com a mesma força o olhar de surpresa mesclado com incredulidade, alternando em questão de segundos para o desespero e a raiva com uma naturalidade que é simplesmente assombrosa.
Indiscreto (1958)
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Indiscreto é uma comédia romântica marcada por reencontros e regressos.
Antes de mais pelo reencontro de Cary Grant com o realizador Stanley Donen,
com que...
Eu vou comprar o dvd desse filme. Uma vergonha, pois ainda não vi. Deve ser um filmaço no auge de Lumet.
Abraço!