(Nights in Rodanthe, 2008)
Direção de George C. Wolfe, com Diane Lane, Richard Gere, Christopher Meloni
Se existe uma verdade incontestável em “Noites de Tormenta” é esta: no pobre e atrasado Equador pode faltar luz, água potável, rede de esgotos e remédios em hospitais no meio da selva, mas o correio.... ah, o correio funciona que é uma beleza. Todos os anos você encontrará um filme como “Nights in Rodanthe”. Ele é cuidadosamente arquitetado, montado cirurgicamente – por mãos não necessariamente habilidosas – para ser apreciado e digerido por um tipo de público: aquele que não dá a mínima para a lógica, para clichês descarados ou para o imediatismo das reações e relações. Interessa a ele o resultado final, interessa ver logo aquilo que todos sabem que acontecerão, e interessa a ele, inevitavelmente, esperar por aquele elemento imprescindível desse tipo de filme: o trágico, mecanismo final para que lágrimas comecem a rolar. Menos mal que “Noites de Tormenta”, mesmo abusando desses artifícios, o faça com um casal de protagonistas que conseguem a honra de tornar assistível uma história que sob outros rostos poderia ser sessão de sábado em TV aberta.
É a terceira dobradinha entre Diane Lane – uma das melhores e mais sub-aproveitadas atrizes de sua geração pós 40 anos – e Richard Gere, que parece finalmente estar se tornando humano para as mulheres ( “Nossa, agora ele está parecendo velho” foi o comentário que voou ao meu lado no cinema logo na primeira aparição do eterno gigolô americano). A dupla já dividiu a tela em Cotton Club ( quando Lane ainda era apenas uma carinha bonita sem expressão ) e em “Infidelidade” ( quando Lane já não era apenas uma carinha bonita sem expressão, a tal ponto de ter sido indicada ao Oscar ). Os dois são o reflexo no espelho da geração que ainda busca alguma história de amor mal resolvida no passado. Daquela geração que procura provas de que ainda pode viver uma história avassaladora na meia idade. A relação entre a mãe de família divorciada, às voltas com o marido que quer voltar para casa, e do médico em crise familiar com o filho, é exatamente esse tipo de reflexo. Os clichês são muitos. Os dois são hospedeira temporária e hóspede único de um hotel à beira do mar, prestes a ser alvo de um furacão na costa dos Estados Unidos. O furacão seria uma metáfora para as transformações e dificuldades que os dois precisam encarar em suas vidas. Bobagem, tanto quanto os cavalos que nunca surgem naquele lado da praia – o momento mais constrangedoramente artificial do filme.
Se há algo que valha a pena em “Noites de Tormenta” é ver Diane Lane em ação. Ela é como vinho: fica melhor à medida que passam os anos – e provou isso também em “Sob o Sol da Toscana”. Aos que buscam serem manipulados, o barco está atracado: é só entrar e se deixar levar pelo mar. Sempre há aqueles que gostam disso, e não sou eu que vou criticar – até porque o produto aqui vende o que promete.
Indiscreto (1958)
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