Geleiras do Inferno

Escrito por Fábio Rockenbach



“Geleiras do Inferno ( Island in the Sky, 1953 ) não parece um filme de William Wellman em termos de “tamanho”, mas é perfeitamente compreensível para o ex-piloto da primeira guerra mundial, que transformou a aviação em uma de suas paixões. E “Geleiras do Inferno” é um tributo a esse tipo de profissional, ao senso de família, à camaradagem explícita. Wellman faz questão de transformar essa camaradagem no principal ator do filme – mais do que John Wayne. Wayne é, no caso, o estopim e o motivo das demonstrações de irmandade. O resto é desculpa para o diretor de “Asas” visitar, novamente, os céus – agora, no gelado Alasca, para reproduzir a missão de resgate de um grupo que cai com um avião de reconhecimento em uma região remota.

A missão de resgate, aliás, resume-se às idas e vindas dos vôos de resgate dos companheiros de Dooley (Wayne) e, principalmente, da luta pela sobrevivência dele e dos seus companheiros, perdidos num tapete de gelo. Mas “Geleiras do Inferno” também remete à sua época e envelheceu muito. A construção dramática em torno da situação dos sobreviventes é tão pálida que não chega a afetar ao público – falta o senso de urgência que poderia trazer algum drama real, palpável, à história. O conto de sobrevivência arquitetado por Wellman soa mais agradável como homenagem à classe do que como hino de coragem. É uma história de camaradagem simpática – e com um John Wayne tentando, mas não conseguindo, sair de seu personagem habitual: Dooley comanda as ações, com o mesmo peso no sotaque de quando Wayne anda pelo velho oeste, mas com menos rudeza. Parece um homem mais moderno, sem as armas e o chapéu... troca a areia pelo gelo, mas no fundo calça as mesmas botas.

1 Comentários:

  1. Marcus Vinícius disse...

    Ao ler o título do filme achei que seria algo meio The Thing.