CRÍTICAS RÁPIDAS

Escrito por Fábio Rockenbach

Razão e Sensibilidade

( Sense and Sensibility, EUA, 1995 ) Direção de Ang Lee, com Emma Thompson, Kate Winslet, Hugh Grant, Akan Rickman, Tom Wilkinson





De longe a melhor revisão do mês. É ótimo ver que todo o frescor da adaptação dos sempre sisudos romances de Jane Austen não tenha sido apenas saboroso de assistir em seu lançamento, mas parece ter ficado ainda melhor depois de mais de 10 anos. É quase absurdo como o filme, na verdade, é uma espécie de novela, um dramalhão onde tudo se concentra em ditos e não ditos, em fofocas, pessoas que se intrometem na vida alheia, o rigor e a supervisão de uma sociedade fuxiqueira intervindo na vida das pessoas. Absurdo porque é delicioso de se assistir, e tão simples que chega a irritar a forma como Ang Lee desfila esse rosário de pequenas histórias e personagens de forma tão natural.
O mais genial em “Razão e Sensibilidade” é como o filme se sustenta em uma espinha dorsal chamada Emma Thompson ( autora do roteiro oscarizado ) e nela se apóia um elenco brilhante. Ela é a mais velha de 3 irmãs, que junto com a mãe é obrigada a abandonar a propriedade onde moram quando o pai e esposo morre. O filho do primeiro casamento herda a propriedade e influenciado pela esposa não tem intenção de ajudar sua meia-família. Em uma sociedade que sobrevivia graças à aparência e ao dinheiro, 4 mulheres pobres não constituem um panorama muito otimista. Os floreios dos homens que surgem na vida delas, as tramóias sociais envolvendo aparências e a busca pelo casamento e o amor movem toda a narrativa. Mas o melhor é a forma como Elinor, a personagem de Thompson, estabelece um diálogo de austeridade com a platéia: a emoção reprimida, as aparências, a doação e a entrega, sempre seus sentimentos em último lugar, sempre as verdadeiras emoções represadas, escondidas. Toda essa construção explode de forma climática no soluço de emoção contida mais genial da história do cinema. De longe, é o melhor filme baseado na obra de Austen e uma das grandes obras dos anos 90.


Fugindo do Inferno

( The Great Escape, EUA, 1963 ) Direção de John Sturges, com Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, Charles Bronson, Donald Pleasance, James Coburn



O clássico por excelência dos filmes de fuga, o “Conde de Monte Cristo” dos campos de prisioneiros da segunda guerra mundial. O carisma desse sucesso de bilheteria e crítica não se apóia apenas nos nomes do elenco ( Steve McQueen nunca esteve tão à vontade, e o resto... bem, resto é insulto, basta olhar os nomes brilhantes envolvidos ), mas na forma como transforma um tema sério em entretenimento puro. O campo de prisioneiros americanos e britânicos é quase uma colônia de férias, com a diferença de que a bola de beisebol não pode ir além da cerca de arame. Toda a construção dessa história empolgante se sustenta em uma base que afronta o bom senso: os prisioneiros que mais se notabilizaram em fugir dos campos alemães são todos reunidos em um local só, um campo dito de fuga impossível. “Reunir todas as laranjas podres em uma cesta”. Não poderia haver idéia mais imbecil, mas como era de praxe retratar os alemães de forma pouco fulgurosas, tal concentração é um convite às mentes criativas de homens especializados em fugir dos buracos onde eram enfiados. Acompanhar essa trama é um passatempo delicioso, e a cena, logo no início, onde eles tentam fugir no meio de trabalhadores russos é um exemplo do frescor ingênuo e puramente aventuresco de um filme que teve a coragem de resolver suas diversas tramas de fuga da maneira menos fácil. O destino desses inglórios trapaceiros - mesmo uma cena de execução em massa não mostrada explicitamente – torna tudo mais amargo, e por isso mesmo, inesquecível.


13 dias que abalaram o mundo

( Thirteen Days, EUA, 2000 ) Direção de Roger Donalson, com Kevin Costner, Bruce Greenwood, Steven Culp, Dylan Baker



Roger Donaldson é um operário dedicado, que costuma sempre entregar o que se espera dele (“Cocktail”, “Sem Saída”, “O inferno de Dante”, “O novato”, “A Experiência). As parcerias com Kevin Costner são seus melhores trabalhos. Particularmente, “13 Dias que Abalaram o Mundo” ia no caminho certo para ser o melhor dos seus filmes, com austeridade e pés no chão. Sem emoção, sem exageros, revivendo a Crise dos Mísseis de Cuba quando a URSS decidiu armar mísseis nucleares em Cuba, foi descoberta pelos Estados Unidos e gerou o período de tensão que mais aproximou o mundo de uma terceira guerra mundial. A recapitulação desses eventos, vistos a partir, unicamente, dos interiores da Casa Branca, é primorosa na maior parte do tempo, ainda que evidenciando apenas um lado. Tecnicamente, e em sua narrativa, funciona muito bem – e o bom elenco ajuda muito. É fácil acompanhar esse tipo de trama ao lado de Costner, ator com empatia fácil e garantida. O melhor dessa história é perceber que Donaldson não está tão preocupado em revisar a história, mas contar a história de 3 amigos: os irmãos Kennedy e seu acessor Kenny O’Donnel. Tudo gira ao redor dessa amizade, e a forma como ele estabelece o presidente Kennedy como uma pessoa comum, apesar de admirada, e sempre sobre tensão é o melhor aspecto da história. As trocas de farpas e diálogos entre o trio é o que conduz o filme e estabelece o elo de ligação com o público, e atuações como as de Baker ( como Robert McNamara ) e Culp ( como Bob Kennedy, inclusive fisicamente semelhante ) auxilia nessa construção. Donaldson está tão interessado nisso que acaba se emocionando: é quando ele começa a ver o mito Kennedy maior do que o personagem, e a glorificação, as frases de efeito e gestos sob encomenda eclipsam o que vinha sendo brilhante na sua primeira metade. Ele cedeu ao ícone e ao discurso ufanista – mas que se releve seus méritos de ter feito uma obra com força própria e permanente.


Colors, as Cores da Violência

( Colors, 1987 ) Direção de Dennis Hopper, com Robert Duvall, Sean Penn, Maria Conchita Alonso



Colors foi um retrato polêmico da instável situação de violência que já atormentava as grandes cidades norte-americanas na metade da década de 80, principalmente quando a guerra de raças começou a se tornar insustentável. Não era apenas uma questão de negros e brancos, mas de hispanos, mexicanos, índios e negros lutando por bairros e territórios de tráfico. Colors foi um dos pimeiros filmes a abordar essa questão de frente. Se parece beber na fonte de alguns clichês desse tipo de tema, é bom ter em mente que foi um precursor. Penn, na pior fase de sua carreira, é um tira jovem e cheio de esperanças, que torna marginais e as ruas seu campo de batalha particular, para desespero do velho e experiente policial interpretado por Duvall, raposa das ruas que sabe que mais do que aplicar a lei, é melhor fazer acordos e guardar favores para sobreviver nas ruas. Em torno dos dois – e por causa deles – a tensão racial se desenvolve como uma teia pré-programada, onde todos sabem que a corda vai acordar, apenas não sabem quando e como. Hopper não estica a corda para testar sua resistência, apenas segue sobre ela com segurança.


Fuga do Século 23

( Logan’s Run, 1976 ) Direção de Michael Anderson, Michael York, Richard Jordan, Jenny Agutter, Roscoe Lee Browne, Farrah Fawcett-Majors



A idéia geral que move “Logan’s Run” é mais poderosa do que a canastrice dos efeitos, principalmente o confronto com o robô no gelo assim que ocorre a fuga da cidade. Michael Bay bebeu litros e litros do barril mal conservado deste filme para filmar “A Ilha”, mas se a madeira é velha e mal conservada, o líquido é saboroso. Ele pode resistir a qualquer efeito especial tosco, a qualquer representação datada ou teatralidade. O filme de Anderson também é notável por entender que quando se fala de um futuro pós-apocalíptico, a presença de ícones facilmente identificáveis facilita, e muito, a absorção da platéia no interesse do filme. E vemos Washington tomada de mato e ruínas, o capitólio destruído e a Biblioteca do Congresso ser, num misto de ironia e esperança, a residência do velho sobrevivente: em meio a livros, quadros, fotografias e toda a sabedoria do “velho mundo”, reside a única esperança de que alguém um dia se lembre disso. Na sociedade do futuro, todos vivem somente 30 anos, até passarem por um processo de “renovação” em uma cerimônia conhecida como “carrossel”. Mas alguns sabem que por trás disso existe uma outra realidade. A fuga dessa sociedade não é permitida, e para impedir isso existem os patrulheiros, como Logan. Logan, que descobre que tudo é uma farsa, a renovação é a morte e existem sobreviventes fora dos muros hermeticamente fechados da sociedade inodora onde vive. É saboroso caminhar pela Washington devastada e ouvir o velho sobrevivente afirmar que “vivíamos nessas casas, em grupos, várias pessoas, mas acho que elas se tornaram pequenas demais para nós.” É a idéia de “Fuga do Século 23” que sobrevive e voa mais alto do que a precariedade da produção e deve ser sempre lembrada.


Um Ato de Liberdade

(Defiance – 2008 ) Direção de Edward Zwick, com Daniel Craig, Liev Schreiber, Jamie Bell, Alexa Davalos



Os irmãos retratados neste filme de ação pouco comum de segunda guerra de Edward Zwick na verdade buscam acima de tudo vingança. Zus é frio, duro, não se importa com a morte. Tulia é centrado, aparenta ser mais sábio, mas no fundo busca esconder a fraqueza, e começa sua jornada buscando vingança. O Filme de Zwick não tem as tradicionais pitadas de heroísmo grandioso, apresenta uma competição entre os irmãos que fundam uma comunidade no meio da floresta da Bielorrúsia para resistir ao avanço nazista na região. É uma comunidade que represa seu ódio, e ele explode em uma cena que mesmo não apelando para o visual, consegue ser forte, quando um soldado alemão é capturado pelo grupo. Mas Zwick também não ousa, e cede aos chavões do cinemão. "Um Ato de Liberdade" podia ser grande se não cedesse a uma pouco compreensível tendência a se diminuir em suas idéias. Mas tem uma das melhores frases do ano quando entra no terreno da política e do poder naqueles tempos de guerra na europa: "“No oeste, um monstro com bigode pequeno. No leste, um monstro com bigode grande. É tudo o que preciso saber sobre política”.



Operação Valquíria

( Valkyrie – 2008 ) Direção de Bryan Singer, com Tom Cruise, Kenneth Branagh, Bill Nighy, Tom Wilkinson, Terence Stamp



Quem foi Stauffenberg? Talvez tivéssemos respostas se fosse outro ator, menos famoso, menos astro do que Tom Cruise no papel principal. O filme de Singer é correto, reto, direto, e esse é o problema. Foi feito para ser visto como espetáculo hollywoodiano, quando poderia enveredar por outros caminhos mais nebulosos. Se interessava mais saber o que houve com os envolvidos no plano para matar Hitler - já que o resultado todos sabem qual foi - porque, então, conhecemos tão pouco sobre eles, e principalmente, porque o enlace familiar deles acaba se resumindo a flashbacks e breves passagens? Os personagens secundários são os melhores apresentados em uma história que funciona em algumas seqüências de tensão, mas o filme não expõe a verdadeira verve dos envolvidos : o que os move não é salvar a Alemanha, mas seus próprios rabos acima de tudo. Que vale o filme é Wilkinson, dando de relho no elenco principal, ao interpretar um general de interesses dúbios que fica em cima do muro e se torna um dos grandes empecilhos ao plano por sua indireta condição. No fundo, se fosse para ser com Cruise, que o filme seguisse como começou: todo falado em alemão. Pelo menos haveria algum cheiro de personalidade. “Operação Valquíria” é tão correto que acaba sendo esquecível. Esperava-se mais do diretor que já fez “O Aprendiz” e “X-Men 2”.



Sem Lei e Sem Alma

( Gunfight at the OK Corral, 1957 ) Direção de John Sturges, com Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet



Clássico lembrado por muitos, “Sem lei e sem alma” é um filme reto. Não tem a sinuosidade marcante de outros clássicos do gênero. Não tem profundidade, não tem emoção, não tem reações. Não ousa, não transgride, não tenta ser, nem durante um segundo sequer, politicamente incorreto. É, até, correto demais. Os bons da versão deturpada de Sturges não morrem. Apenas se ferem, levemente – por mais que a história real tenha colocado a sete palmos da terra um dos irmãos de Wyatt, isso não pode acontecer na história reta e correta de Sturges. O resultado dessa linha reta são interpretações rasas – Burt Lancaster está pálido, uma tentativa de resgatar um herói que não pisca ao tomar suas decisões, mas que é tão natural quanto poderia ser Schwarzenegger interpretando Hamlet. A teatralidade excessiva, marca de alguns dos filmes da época, ajuda a enfraquecer toda a caracterização dramática de uma história poderosa. Aqui, essa história soa mera desculpa para um conto quase infantil dividindo o bem e o mal, os bons e os maus. De tudo que cerca a história de Earp, em “Sem Lei e Sem Alma” é o cemitério de Boot Hill que mais alcança os ouvidos, através da melodia que corta o filme em diversas ocasiões contando em forma de versos a história, mas que desaparece na importância quando se percebe que tudo o que ela canta é uma versão errada, fraca e amadora da famosa história. Como o famoso tiroteio dá nome ao filme, ele se torna uma seqüência longa no clímax do filme. É pensada não como um duelo, que realmente foi, mas uma troca de tiros que, novamente, retira da situação toda a tensão e o suspense que as outras versões souberam explorar. É uma pena tendo em vista os nomes dos envolvidos.


A Duquesa

( The Duchess, EUA, 2007 ) Direção de Saul Dibb, com Keira Knightley, Ralph Fiennes, Charlotte Rampling, Dominic Cooper, Hayley Atwell



Visão que tenta fazer um paralelo da futilidade da sociedade no século XVIII com os tempos atuais, e faz isso da forma mais direta possível: a Georgiana Spencer vivida por Keira Knightley é antepassada da Diana Spencer que morreu em um túnel perseguida por Papparazzis. Ambas tinham características semelhantes: vividez, disposição, brilho próprio em meio a um ambiente seco e árido de frivolidades. Mas Saul Dibb cede à idéia de se render à sua protagonista. O problema é que, se Keira Knightley é linda – e parece casar bem com esse estilo de filme – ela não é, ainda, uma atriz esplendorosa a ponto de segurar a atenção de um filme inteiro. Pior, de ser o coração de toda a atenção do público a esse filme. “A Duquesa” tem um ponto forte na atuação contida de Ralph Fiennes, mas não deixa marcas na memória. Melhor assistir em alguma exibição na televisão, casualmente, zapeando canais.


Atos que desafiam a Morte

(Death Defying Acts, EUA, 2007 ) Direção de Death Defying Acts, com Catherine Zeta-Jones, Guy Pearce, Timothy Spall, Saoirse Ronan, Jack Bailey, Aaron Brown



O Ilusionista e O Grande Truque, com mágicos de mentira, frutos da imaginação, acabam sendo mais palpáveis do que a história do verdadeiro mágico e ilusionista que inspirou todos, o quase lendário Houdini. Incrivelmente, aqui Houdini é coadjuvante, ou uma desculpa para o que parece ter sido pensado como um veículo para dois nomes conhecidos que, no entanto, em nenhum momento exalam a mínima química que fazer o público acreditar na intensidade do que vê – e isso é essencial para dar o mínimo de veracidade à trama, já que esses sentimentos são catalisadores.
Qual a razão, afinal, do filme de Gillian Armstrong falar de Houdini ou transformá-lo em um background de luxo para uma história que nunca diz ao certo onde quer chegar? O interesse romântico – que não empolga – torna o que já era fraco em um drama fácil, açucarado. O público acompanha as duas na busca por saber mais sobre o mágico, talvez o grande astro pop de sua época - antes de saberem o que significava isso - mas o roteiro não se esforça para jogar alguma luz em uma das mais misteriosas personalidades da história. A audiência acaba ludibriada, sem entender muito além do jogo de obviedades que o roteiro reserva nesse pseudo-aprendizado. Pior, o roteiro joga com possibilidades e parece não percebê-las, especialmente quando enfoca a parceria entre Houdini e seu assistente: qualquer cena dos dois tem mais profundidade do que as ditas tramas principais, como que evocando uma história que pedia para surgir, mas ficou eclipsada. Ninguém percebeu que estava nessas entrelinhas que surgem brevemente a verdadeira história que ainda não foi contada no cinema? “Atos que Desafiam a Morte” joga com muitas possibilidades, e não trilha nenhum caminho. Fica sempre na metade.

Próximas críticas rápidas:
Geleiras do Inferno, Che – O Argentino, O Homem que odiava as mulheres, Superman 2 – The Richard Donner Cut, A Última Amante , Jasão e o Velo de Ouro, Sinbad e o Olho do Tigre, Guerra de Noivas.

5 Comentários:

  1. Alex Gonçalves disse...

    Fabio, de todos os filmes relacionados conferi somente dois, sendo eles "A Duquesa" e "Atos que Desafiam a Morte". Por ter gostado de ambos terei que discordar tanto da sua avaliação quanto da sua opinião. Sempre achei que Keira Knightley apresenta nos filmes de época que protagoniza um brilho todo especial. Ela é o ponto alto do filme. E Gillian Armstrong, uma ótima cineasta, não foi capaz de entregar um esplêndido trabalho com "Atos que Desafiam a Morte", mas acredito que sua sensibilidade fez jus ao personagem real que retrata.

  2. Pedro Henrique Gomes disse...

    "Atos que Desafiam a Morte" é ruim demais e 13 Dias eu tenho que rever, tenho o filme, mas lembro que não gostei quando vi.

  3. Roberto Queiroz disse...

    Dessas críticas rápidas, fico com Fuga do Século 23 e Fugindo do Inferno (por que partiste a última estrela ao meio?). Há algumas coisas dispensáveis, como Atos que desafiam a morte e os chamados mais do mesmo (como Operação Valquíria, que a meu ver fez aquilo que se propos). No mais, generalidades.

  4. Ygor Moretti disse...

    Otimo Blog hein parabens, sobre os filmes quermo mujito ver opreação Valkiria.

    Até mais!!!

  5. Otavio Almeida disse...

    Amigão, desculpe-me, achei que vc só estivesse no CINEFILIA agora. Mas voltarei a acompanhá-lo por aqui também.

    Belas críticas, como sempre.

    Abs! Bom fim de semana!