Imagens do Além

Escrito por Fábio Rockenbach

(Shutter, EUA, 2008 )
Dirigido por Masayuki Ochiai
Com Joshua Jackson, Rachael Taylor, David Denman, James Kyson Lee, John Hensley


Constrangedor.
É a maneira mais simples de resumir o sentimento quando “Imagens do Além” encerra sua pseudo-trama envolvendo espíritos e erros do passado. O pior não é nem lembrar que na metade do filme você já estava decepcionado por ver que se trata de mais um filme “protagonizado” por uma daquelas aparições japonesas de cabelos escuros, cabeça baixa e olhos acusadores. O pior mesmo é pensar que alguém filmou isso achando que estava fazendo grande coisa, aplicando seu esforço em dois momentos até bons, mas sem se dar conta do completo ridículo que estava criando. Não existe vida inteligente na produção de um filme que consome milhões de dólares? E alguém pensa que do lado de cá não existe vida inteligente que assista a essa bomba e fique indignado? Não vi o original, de 2004, mas a refilmagem é terrível.

Se Joshua Jackson, bom ator da falecida “Dawson’s Creek” imaginava que esse pudesse ser enfim seu passaporte para o lado A do cinemão americano, quebrou a cara feio. O filme do japonês Masayuki Ochiai é um amontoado de idéias recicladas de outros irmãos semelhantes e muito mais talentosos. As idéias re-aproveitadas nem seriam tão ruins se houvesse coerência na trama, se alguns furos homéricos não fosse cometidos – inclusive erros primários de continuidade – e se o público já não estivesse enjoado de espíritos orientais zanzando pela casa, rastejando pelo chão. Jackson e Rachael Taylor ( quase um clone de Naomi Watts, de “O Chamado”, em algumas tomadas ) são recém casados que mudam-se para Tóquio, onde ele, fotógrafo, recebe uma bela proposta de emprego. É, na verdade, um retorno, já que ele trabalhara na cidade anos antes. É então que acontecimentos estranhos começam a cercar a vida do casal, e as fotos tiradas por Ben, o fotógrafo, começam a dar as primeiras pistas: apresentam borrões e formas misteriosas. Tudo acontece na maior naturalidade: quem vê as fotos é uma mulher que, coincidentemente, tem um conhecido trabalhando em uma “revista sobre fotos com fantasmas” (sic ) – e quem aparece no papel, para pagar o aluguel, é James Kyson Lee da série “Heroes”. Sem muito esforço, a esposa do protagonista olha algumas fotos e - não tente entender como ela raciocina isso - decide que poderá encontrar o fantasma em um determinado lugar onde ela entra sem que ninguém lhe impeça, como se fosse uma conhecida. E, claro, ela sabe exatamente o que fazer.

É então que "Imagens do Além" – que já havia rendido uma boa cena no laboratório de fotografia – despenca de vez, usando a batida estratégia de querer explicar o inexplicável, procurar razões no passado dos protagonistas – e uma história paralela ridícula – para justificar tudo o que está acontecendo, quando seria mais assustador se simplesmente ignorasse a busca por motivos para se concentrar na paranormalidade e no medo. Por que tentar explicar algo que nem se está comprovado que existe, quando justamente esse mistério é o combustível para realizar uma obra assustadora? ( alguém tenta explicar porque o demônio encarna justamente em Linda Blair em “O Exorcista”?).

Além da tal cena do laboratório, duas cenas se salvam no mar de incongruências do roteiro: a cena dos flashes no escuro e a descoberta da razão da dor do fotógrafo. O final, que era para ser algo diferenciado, porém, acaba derrapando na própria incompetência que o texto mostrou ao longo de todo o filme: quando, em algum momento do filme, vidros de portas ou janelas mostraram o que a cena mostra?

Passe longe...

2 Comentários:

  1. Robson Saldanha disse...

    Cara, esse filme foi tão insignficante pra mim que nem me lembro mais como é! Daí você tira!! hehe

  2. Fábio Rockenbach disse...

    Insignificante... taí uma palavra que esqueci de usar.