(Gone Baby Gone - EUA - 2007 )
Direção de Ben Affleck, com Casey Affleck, Michele Monaghan, Ed Harris, Amy Ryan, Morgan Freeman, Amy Madigan.
“Estamos numa guerra filho. Estamos ganhando? Não.”
Em determinado momento de “Medo da Verdade”, filme de estréia de Ben Affleck na direção, o policial Remy, interpretado pelo sempre ótimo Ed Harris, troca uma idéia com o jovem detetive Patrick Kenzie, de Casey Affleck, irmão do diretor – e com muito mais futuro à frente das câmeras. Este é um momento crucial de um filme que, até então, mostrava um diretor estreante com pleno domínio de espaço, uma edição ágil e uma história que, para o público, parecia mal contada, literalmente, mas que se revela uma surpresa e origina uma pergunta: em que ponto da carreira Ben Affleck se perdeu e esqueceu que tinha talento? Menos mal que ele, finalmente, ressurgiu depois do roteiro de "Gênio Indomável", que lhe rendeu um oscar.
Uma mulher viciada em cocaína, envolvida com traficantes e atravessadores dá parte na polícia do desaparecimento de sua filha. O caso atrai a a atenção da opinião pública e cai nas mãos do condecorado Cap. Doyle ( Morgan Freeman, sendo Morgan Freeman ), um homem da lei que já sofreu a dor de perder uma filha assassinada quando criança. À parte os esforços da polícia, um detetive ( Harris ) e um jovem casal que faz bicos investigando casos de desaparecimento ( Affleck e Michelle Monaghan ) se envolvem no caso, que visivelmente está relacionado com as relações da mãe com as drogas. E só. Falar mais do que isso sobre o plot é falar demais.
A metade final desta história intrincada é a melhor. Até chegar o momento em que Remy desabafa a Patrick sobre a sua guerra perdida, há uma desilusão, porque se acha que já se sabe o que está acontecendo, mas é essa ilusão e a maneira como ela é conduzida que melhoram a história baseada em romance de Dennis Lehane. No fundo, “Medo da Verdade” é um filme sobre família. E sobre escolhas. Existe um vilão nessa história? Quem é ele? Quem pode decidir sobre o que é certo ou errado? Que tipo de justiça é essa quando ela é baseada no que nós julgamos correto? E é no momento do diálogo cruciaL entre Remy e Patrick que esses questionamentos surgem pela primeira vez e mudam todo o rumo da história. É quando o próprio Patrick pela primeira vez se confronta com a legitimidade de uma decisão sua, quando confronta um pedófilo durante uma ação de resgate – e percebe como uma decisão pode ter dois pesos.
“Medo da Verdade” não tem o mesmo peso, por exemplo, de “Sobre Meninos e Lobos”, filme com o mesmo “tom” e, de certa forma, semelhante coragem, mas Affleck mostra que tem aprendido a lição. Não se rende a maneirismos visuais, controla sua câmera e deixa que seus atores conduzam o espetáculo. Com poucas exceções, eles são o apoio perfeito, principalmente Amy Ryan, indicada ao Oscar como a mãe de Amanda, em uma bela interpretação. A mais fraca talvez seja Michelle Monaghan, como a namorada de Patrick – sua personagem parece se limitar a acompanhar os fatos e, o que é pior para o protagonista, a julgá-los pelo lado pessoal, mas sua influência na trama é menor do que poderia ser. ( E repare na participação de uma envelhecida e gorda Amy Madigan como a mulher que contrata os serviços de Patrick e sua namorada – muito diferente da mulher que fez a esposa de Kevin Costner em “Campos dos Sonhos” ou que gostava de briga em “Ruas de Fogo”.)A trilha sonora de Harry Gregson-Williams pontua de forma sensível a história que envolve o desaparecimento da pequena Amanda. De forma até melancólica, e sobretudo sem se sobressair à ação, aos personagens e à história. Aliás, como em todo seqüestro, são os familiares que dão à polícia e à imprensa os detalhes que envolvem o seqüestrado. Assim como foi a mãe de Amanda quem deu os detalhes do caso que foram parar na televisão. Lembre disso para entender a última frase do filme... ela é emblemática, extremamente simples e, talvez, a melhor parte de todo o roteiro. Terminamos o filme com um sabor amargo e muito o que pensar ao deitar a cabeça no travesseiro...
Uma mulher viciada em cocaína, envolvida com traficantes e atravessadores dá parte na polícia do desaparecimento de sua filha. O caso atrai a a atenção da opinião pública e cai nas mãos do condecorado Cap. Doyle ( Morgan Freeman, sendo Morgan Freeman ), um homem da lei que já sofreu a dor de perder uma filha assassinada quando criança. À parte os esforços da polícia, um detetive ( Harris ) e um jovem casal que faz bicos investigando casos de desaparecimento ( Affleck e Michelle Monaghan ) se envolvem no caso, que visivelmente está relacionado com as relações da mãe com as drogas. E só. Falar mais do que isso sobre o plot é falar demais.
A metade final desta história intrincada é a melhor. Até chegar o momento em que Remy desabafa a Patrick sobre a sua guerra perdida, há uma desilusão, porque se acha que já se sabe o que está acontecendo, mas é essa ilusão e a maneira como ela é conduzida que melhoram a história baseada em romance de Dennis Lehane. No fundo, “Medo da Verdade” é um filme sobre família. E sobre escolhas. Existe um vilão nessa história? Quem é ele? Quem pode decidir sobre o que é certo ou errado? Que tipo de justiça é essa quando ela é baseada no que nós julgamos correto? E é no momento do diálogo cruciaL entre Remy e Patrick que esses questionamentos surgem pela primeira vez e mudam todo o rumo da história. É quando o próprio Patrick pela primeira vez se confronta com a legitimidade de uma decisão sua, quando confronta um pedófilo durante uma ação de resgate – e percebe como uma decisão pode ter dois pesos.
“Medo da Verdade” não tem o mesmo peso, por exemplo, de “Sobre Meninos e Lobos”, filme com o mesmo “tom” e, de certa forma, semelhante coragem, mas Affleck mostra que tem aprendido a lição. Não se rende a maneirismos visuais, controla sua câmera e deixa que seus atores conduzam o espetáculo. Com poucas exceções, eles são o apoio perfeito, principalmente Amy Ryan, indicada ao Oscar como a mãe de Amanda, em uma bela interpretação. A mais fraca talvez seja Michelle Monaghan, como a namorada de Patrick – sua personagem parece se limitar a acompanhar os fatos e, o que é pior para o protagonista, a julgá-los pelo lado pessoal, mas sua influência na trama é menor do que poderia ser. ( E repare na participação de uma envelhecida e gorda Amy Madigan como a mulher que contrata os serviços de Patrick e sua namorada – muito diferente da mulher que fez a esposa de Kevin Costner em “Campos dos Sonhos” ou que gostava de briga em “Ruas de Fogo”.)A trilha sonora de Harry Gregson-Williams pontua de forma sensível a história que envolve o desaparecimento da pequena Amanda. De forma até melancólica, e sobretudo sem se sobressair à ação, aos personagens e à história. Aliás, como em todo seqüestro, são os familiares que dão à polícia e à imprensa os detalhes que envolvem o seqüestrado. Assim como foi a mãe de Amanda quem deu os detalhes do caso que foram parar na televisão. Lembre disso para entender a última frase do filme... ela é emblemática, extremamente simples e, talvez, a melhor parte de todo o roteiro. Terminamos o filme com um sabor amargo e muito o que pensar ao deitar a cabeça no travesseiro...
0 Comentários:
Postar um comentário